Compilado de Complicações

 

[00:12, 15/4/2019] Alex Santos 🦁: Não sou bom nisso

 

Não sei por que escrevo,

Talvez precise disso

Meu dia foi excelente.

Meu sorriso, calmo.

Vejo luminosidade ao sul

Pretendo ser um grande poeta

Não quero ser um triste poeta

Quero crescer infinitamente

Com meus versos simples

De verão

 

Oitos lados, um meio

Não sei por que descrevo assim

Um poeta na mercê da vida

Contando como foi seu dia

 

Não olhe para o sul

Talvez tenha algo lá


02/12/2020: A última promessa

 

A última promessa do ano, estou triste e acredito que desta vez acabou. Acabei de dizer adeus, foi tão péssimo quanto da primeira vez, horrível, ninguém deveria dizer adeus, ninguém. Aceito as partidas das pessoas na minha vida, confesso que dói e fico sempre muito abalado por isso, acho meio difícil viver sem ter esse alguém, mesmo esse alguém passando tão pouco tempo com você. Estou com 20 anos e nesse momento bebendo a cerveja favorita dela, engraçado que eu achava uma cerveja ruim. Ela não me passou segurança e o mundo meio que desabou, um caos quando seus sentimentos desabam, um caos.

Escutando a melhor banda do mundo e se questionando se foi a melhor escolha, acredito que sim, desde o maldito dia em que eu descobri as escolhas, fico feliz por ter elas. Uma escolha poderia ser o meu sonho, porém, cheio de inseguranças, medos, traumas e uma noção de amor sendo despedaçada, mas, seria um sonho. A segunda era mais crua e focada em seus objetivos, algumas horas antes descobri algo que me deixou entusiasmado, me deu uma nova perspectiva para entender o mundo. Essa descoberta serviu para mostrar que mesmo sem ter ela, eu ainda tenho algo para me manter vivo, eu escolhi deixar ela partir, meus sentimentos e meus erros, me ajudaram a decidir o melhor.

Escuto O Grilo – Inês, a música que me faz sofrer e ter esperança, quando terminei com ela daquela vez, no desespero de um jovem de 19 anos sem saber muito da vida e achando que sabia alguma coisa, errou e ficou intrincado por isso, confesso que talvez tenha pagado caro demais. Mas não imaginaria que a vida me levaria a tal ponto, olha, a vida me levou e eu estou aqui vivo e feliz por ter escolhido o melhor para mim, mesmo sabendo que o melhor vai contra um amor que talvez seja o primeiro ato transcendental de um ser.

A culpa chegou cedo, estou bêbado o suficiente para entender isso. Recebi um coração partido por mensagem, só meus sentimentos sabem o que aquilo significou para mim, sinto que joguei tudo fora, me joguei em um limbo em que só existe meu cérebro, pensando sobre mim, julgando e analisando o quanto você foi um babaca por estar vivo, isso não é depressão, é um infeliz sofrendo por amor e achando que um dia vai sentir algo parecido, não vai, a vida não é tão maravilhosa assim, ela te dá os presentes apenas uma vez, e se você perder ele, o azar é totalmente seu.

Lagrimas e algumas mensagens que provavelmente a deixou feliz, sou bom em ser cínico sentimentalmente, mas, sofro fácil e isso é horrível, cansa um pouco, ouvindo música triste e querendo adotar um animal para suprir a necessidade de carência que eu tenho, cansei de escrever e é isso que importa.

A última promessa do ano foi a que eu não beberia mais BOHEMIA porque era a cerveja dela, 2020 foi o melhor ano da minha vida.


11/09/2021

 

    Prometi escrever um diário e essa missão já falhou no segundo dia, esse deve ser o quarto ou quinto dia, voltei a escrever pois coisas precisam ser ditas, coisas como a falta de entendimento sobre o dia a dia, coisas sobre a falta de fé na minha própria inteligência e alguns detalhes sutis da minha vida pessoal, essas coisas que não interessam muitos e que provavelmente ninguém vai ler. Neste momento meus dedos estão gordurosos e repare em como sou uma pessoa cruel com meu teclado, teclas com óleos e frases que não trazem muitas ligações com a água.

    Me sinto incapaz de escrever e sinto que não tenho essa habilidade como realmente achei que tinha, ter alguma coisa é difícil e envolve muita dedicação, duas coisas que já não gosto na vida; coisas difíceis e dedicação, de difícil já basta respirar, o restante deveria ser de boas e sem precisar de dedicação, para que serve dedicação? Se esforçar para que? Para quem? Porque?

    Vou dedicar o dia de hoje nesse diário para entender as coisas difíceis, entender não, tentar descrever o porquê as coisas não têm que ser difíceis, em um mundo onde tudo é fácil, a vida talvez fique mais feliz e mais capaz de aparecer significáveis que façam tudo ter um sentido, e esse já é um aspecto importante; muitas pessoas não gostam e não criam significáveis para a vida pois sabem que ela é difícil, para que significar algo difícil? Para ter o prazer de alcançar? Alcançar com a dedicação? A dificuldade já impede que os seres racionais criem sentidos para a vida.

    Na verdade acho que estou escrevendo esse diário para tentar compreender quem escreve e porque é sempre o mesmo estilo, sempre no vazio, na mercê da vida e sem muitas coisas inovadoras, talvez no fundo eu queira ser inovador, talvez todos queiram, e minha escrita, segundo pessoas próximos, tende a ser repetitivas e sempre partindo de um vazio, a parte do vazio eu gosto e deixa as coisas mais sutis, a parte do repetitivo confesso que me machucou um pouco, talvez isso seja o mínimo que posso fazer, textos repetitivos com sempre o mesmo personagem no fundo: minha consciência brincando de ser outro, escondendo neles os seus próprios problemas e dizendo que é apenas uma história, um personagem qualquer, sendo que no fundo, todas e todos são eu, as  vezes da pior forma, as vezes das melhores, as vezes só eu, no limbo que é existir, sempre caminhando com a dificuldade e sem muita vontade para ter uma dedicação.

 

28/02/2022: Como falar do fim?

 

    Não sei o que dizer ou o que pensar sobre o fim, é risonho porque boa parte das vezes achamos que as coisas nunca acabam. Mas, elas acabam e não que isso seja algo ruim, os fins em sua maioria são coisas boas, trazem o intento de renovação, a perspectiva do início e traz seu conjunto de esboços emocionais.

    Me acho otário por estar escrevendo ao invés de viver, e é complicado porque é Sempre nesses momentos únicos da existência me questiono se vale a pena viver. Mas antes de chegar em alguma resposta, talvez, devemos pensar sobre o que pode ser a vida.

    Ela para mim surge como um acaso de diversas consequências humanas, de fato a evolução biológica conta muito nisso, mas as consequências que aqui falo, envolve diretamente o fato de você nascer, quando um ser nasce ao longo de sua existência ele percebe algo único, o fato singular de pensar e o pensamento é a primeira consequência que torna a vida instigante, nós pensamos, nós existimos.

    Que pensar e existir andam juntos Descartes já nos avisou drasticamente sobre.

    Outro fator da existência que é problemática por si só, é quando o ser começa a pensar sobre as razões de uma vida, algo que faço aqui.

    A mística de viver envolve puramente sua consciência e sua consciência tem um fetiche imenso em transcender para a realidade, em uma tentativa maçante de ser a realidade e, a nossa consciência nunca consegue de fato alcançar a realidade.

    Quando não atingimos por completo a realidade, surge um espaço que podemos chamar de o limbo, no limbo é onde as razões da vida realmente começam a surgir.

    O limbo é a primeira experiência com a náusea, náusea que Sartre trabalhou incrivelmente em seu livro com o mesmo nome.

    O limbo nós deixamos em um vazio que nada preenche, você pode tentar de toda maneira preencher com algo, e aqui entram os vícios sociais. A estrutura humana utiliza a sociedade para fazer o mecanismo da existência funcionar, quando mais pensamos socialmente, menos sentimos o limbo. A condição humana é fugir da falta de significado que contém em existir.

    Pensando pelo lado social, a vida é mágica e os outros trazem um sentido a minha existência. Pensando na subjetividade, aquilo que só você sente, só, a vida não passa de um mero desespero sobre o viver.

    Desse desespero escrevo hoje, meio desanimado e cansado de coexistir com existências que facilmente são descartáveis, como o lixo de toda manhã ou a louça do almoço, coisas que não precisariam existir, mas, estão lá, sempre encarando você, pensando sobre sua existência e existindo como um simples fenômeno no mundo.

    O mundo é complicado, tem suas elegâncias e suas tragédias e nessas duas qualidades que o mundo possui, consigo ser ruim nas duas, vivendo no meio, à mercê de tudo e com insegura sobre se de fato realmente queria falar sobre o fim.

 

 

 

 

 

 

 

 

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