Fita Rosa


Charles o homem com o sobrenome que não interessa a ninguém, ele tem uma cachorra de pelúcia e uma mochila rosa. Tem suas brigas com a família e pensa que um dia vai sair de casa, acredita muito nisso. Seu dia a dia é estranho e o amor da sua vida morreu no dia 14 de julho de 1878 ele não a conheceu e não vai, pois, a ressureição não existe. Épocas erradas para um amor que provavelmente daria certo, fã de Michael Jackson e triste por nunca ter assistindo um show ao vivo do Jerry Garcia.

Encostava a cabeça na parede e se sentia culpado pelo fim do seu relacionamento mesmo não sendo mais feliz nele por um bom tempo. Caiu uma lágrima e ele seca rápido. Olhava para a fita rosa sua cachorra de pelúcia, imóvel naquela cama e sem nenhum conselho para lhe dar. Checou seu celular, não havia mensagens. Pensou no universo e novamente caiu mais uma lágrima.

Duas lágrimas e uma esperança de tudo dar certo, como se faz para saber se é amor? Se questionou ao olhar a fita rosa, ela não respondeu e Charles ficou feliz.  Ouviu alguém lá fora: “– Luiza, depois eu passo a senha.” Um galo cacarejou, o sol estava preste a se por, Charles colocou “inverno” do Froid, aquela música o ajudava muito. Pensou em fazer alguns exercícios e quase chorou.

Sua ansiedade bateu forte, pobre Charles tão novo e com o peso do futuro em seu presente maçante e cruel. Como estaria ela agora? Se questionou enquanto bebia um café, já estava escuro e nada mais tinha sentido. Lembrou-se dos seus 10 anos e percebeu que a culpa sempre foi do passado, entretanto, seu presente estava ali, talvez para mudanças ou para meros fracassos, tirou esse pensamento da cabeça e no fundo ele sentia que fazia a coisa certa.

Não havia nenhuma pessoa especial no mundo, todos estavam caminhando para o declínio da morte e Charles só queria se sentir vivo e sem culpa por uns 10 minutos. Fitou a fita rosa, pensou que ela sorriu, coitado, estava tão só no mundo que só queria ver um simples sorriso.


 

Comentários

Postagens mais visitadas